Olho para dentro... Órgãos, líquidos viscosos. Não, não era para aqui que queria olhar.
Volto a olhar, agora para dentro e para cima. Um turbilhão de imagens/sons e sensações invadem-me. Não me consigo concentrar, o meu pensamento processa-se por ideias desconexas e num ritmo descompassado, será por o tempo correr de forma diferente aqui?
Prossigo a viagem atribulada com destino ao meu próprio âmago.
Habitantes locais transmitem-me informações contraditórias e úteis ao mesmo tempo. Que estranhos seres povoam este local desolado, no entanto tão rico e variado. Serão de confiança? Falo para eles - Say friend or foe - mas não me respondem.
Mais uns passos (não sei bem em que direcção) levam-me a uma paragem diferente cheia de novos e diferentes seres que me aconselham a voltar atrás. Mas onde fica ‘atrás’? Eu não sei de onde vim nem para onde vou, só sei que navego, mas desta vez sem o meu querido navio e sem a orientação dos deuses... (Götterdämmerung?)
Arrasto-me mais um pouco...
Sou invadido por um brilho ofuscante que me obriga a fechar os olhos. Desorientado volto a abri-los deparando-me agora com um intenso e cerrado nevoeiro. Mesmo assim consigo distinguir vultos dispersos, serão os mesmos seres de há pouco? Tento alcançá-los, mas eles dissipam-se no cada vez mais denso nevoeiro e eu caio desamparado no solo rugoso.
Tento levantar-me, mas sinto os músculos flácidos e presos, por isso dedico-me a apalpar o chão em procura das respostas às minhas inquietações. Incrível, encontrei algo... Uma resposta? Tento interiorizá-la e consciencializá-la, mas de repente fica tudo no mais profundo negro.
Desespero.
Frustrado, volto a mim, mas não sei se acordo ou se adormeço...
domingo, 27 de abril de 2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Existência
Chove lá fora... Faz frio cá dentro... O Inv(f)erno persiste na minha alma...
Encontro mais caminhos sem saída neste labirinto infindável que é a minha existência. Mas esta é a minha existência e por mais louco (ou lógico) que pareça, estou agarrado a ela e ela a mim.
No sacrifice too great
Caught in another maze
Truly endless
Still this maze is mine
And I am thine
Prossigo apalpando a escuridão imensa, passo por passo como um bébé aprendendo a andar.
Será que é difícil compreender que a saída não está para a frente, mas sim para dentro? Tento agarrar a mente tal como faço com a escuridão, mas ela escapa (escorregadia como um peixe). Tento apaziguá-la batendo com a cabeça na parede do labirinto, mas assim só consigo sentir o líquido espesso com sabor a ferro a quem muitos chamam Vida. Eu não quero a Vida, quero compreender a minha existência, mesmo que a busca dure eternamente...
No peace for me
No peace I seek
My quest goes far beyond
Nota: As duas citações pertencem à letra de Ensorcelled by Khaos escrita por Ihsahn em 1997 para o álbum Anthems to the Welkin at Dusk.
Encontro mais caminhos sem saída neste labirinto infindável que é a minha existência. Mas esta é a minha existência e por mais louco (ou lógico) que pareça, estou agarrado a ela e ela a mim.
No sacrifice too great
Caught in another maze
Truly endless
Still this maze is mine
And I am thine
Prossigo apalpando a escuridão imensa, passo por passo como um bébé aprendendo a andar.
Será que é difícil compreender que a saída não está para a frente, mas sim para dentro? Tento agarrar a mente tal como faço com a escuridão, mas ela escapa (escorregadia como um peixe). Tento apaziguá-la batendo com a cabeça na parede do labirinto, mas assim só consigo sentir o líquido espesso com sabor a ferro a quem muitos chamam Vida. Eu não quero a Vida, quero compreender a minha existência, mesmo que a busca dure eternamente...
No peace for me
No peace I seek
My quest goes far beyond
Nota: As duas citações pertencem à letra de Ensorcelled by Khaos escrita por Ihsahn em 1997 para o álbum Anthems to the Welkin at Dusk.
sábado, 29 de março de 2008
Breu
Voltando a navegar no barco com a cabeça de um dragão... Que raio de rio é este onde as águas correm tão revoltas? Ou será que é o mar? Talvez seja o mar, pois o rio corre com um destino definido e eu não sei qual é o meu...

Olho para o céu, será sempre de noite aqui? Que belo é o céu nocturno! Com facilidade encontro padrões nos distantes pontos brilhantes que 'furam' a escuridão, quem sabe para compensar a inexistência deles nesta viagem sem sentido aparente.

Ás vezes sinto que encontro 'a luz ao fundo do túnel', mas não devem passar de archotes insignificantes de um povo à beira da extinção, pois são tão poucos e não há luz que consiga quebrar este breu.
Não há luz ao fundo do túnel, apenas uma caixa de fósforos passada de uma geração para a seguinte. A humanidade não tem um pavio comprido e esta geração tem o último fósforo - Jonarno Lawson

Olho para o céu, será sempre de noite aqui? Que belo é o céu nocturno! Com facilidade encontro padrões nos distantes pontos brilhantes que 'furam' a escuridão, quem sabe para compensar a inexistência deles nesta viagem sem sentido aparente.

Ás vezes sinto que encontro 'a luz ao fundo do túnel', mas não devem passar de archotes insignificantes de um povo à beira da extinção, pois são tão poucos e não há luz que consiga quebrar este breu.
Não há luz ao fundo do túnel, apenas uma caixa de fósforos passada de uma geração para a seguinte. A humanidade não tem um pavio comprido e esta geração tem o último fósforo - Jonarno Lawson
domingo, 23 de março de 2008
Intermezzo
Após alguns meses de interregno, ou de Intermezzo como decidi chamar no título do post, eis que o meu inner-self está de novo com vontade de escrever.
Durante estes meses de intenso trabalho mas também de algumas leituras interessantes (tais como 'O Cego de Sevilha' do Robert Wilson, por exemplo) houve menos tempo para divagações literárias, mas parece que agora o 'bichinho' despertou de novo.
Apercebi-me agora, enquanto estou saboreando uma laranja (quem sabe da china, como a musica famosa) de uma das grandes vantagens da escrita em relação à oralidade: permite que comamos e nos expressemos ao mesmo tempo :P
Tento fazer uma retrospectiva mental sobre os meses que passaram desde o último post, mas parece que não se passou nada verdadeiramente importante. As dúvidas sobre o meu destino persistem, nalguns dias mais dominantes do que noutros, mas sempre presentes. Continuo com as mesmas questões de adolescência: será que gosto do que faço? o que é que eu quero para a minha vida? De forma pessimista, cada vez me parece mais que o indivíduo tem menos influência na escolha, numa sociedade cada vez mais standartizada e liberalizada.
Falando agora de forma optimista, os sonhos de compor uma ópera e de escrever um livro continuam vivos e hão-de se realizar mais cedo ou mais tarde.
No entanto, como eu sou realista, não sei bem em qual dos pontos de vista me hei-de inserir, sinto-me como que a navegar à deriva num barco com uma cabeça de animal esculpida na poupa...
Durante estes meses de intenso trabalho mas também de algumas leituras interessantes (tais como 'O Cego de Sevilha' do Robert Wilson, por exemplo) houve menos tempo para divagações literárias, mas parece que agora o 'bichinho' despertou de novo.
Apercebi-me agora, enquanto estou saboreando uma laranja (quem sabe da china, como a musica famosa) de uma das grandes vantagens da escrita em relação à oralidade: permite que comamos e nos expressemos ao mesmo tempo :P
Tento fazer uma retrospectiva mental sobre os meses que passaram desde o último post, mas parece que não se passou nada verdadeiramente importante. As dúvidas sobre o meu destino persistem, nalguns dias mais dominantes do que noutros, mas sempre presentes. Continuo com as mesmas questões de adolescência: será que gosto do que faço? o que é que eu quero para a minha vida? De forma pessimista, cada vez me parece mais que o indivíduo tem menos influência na escolha, numa sociedade cada vez mais standartizada e liberalizada.
Falando agora de forma optimista, os sonhos de compor uma ópera e de escrever um livro continuam vivos e hão-de se realizar mais cedo ou mais tarde.
No entanto, como eu sou realista, não sei bem em qual dos pontos de vista me hei-de inserir, sinto-me como que a navegar à deriva num barco com uma cabeça de animal esculpida na poupa...
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
terça-feira, 13 de novembro de 2007
William Blake
Agora, ao ler o post anterior, três dias depois, veio-me à memória William Blake. Um escritor/poeta/pintor inglês que aprecio muito. Ele viveu na passagem do séc. XVIII para o séc. XIX, e como acontece com quase todos os grandes vultos, foi incompreendido na sua época.
De seguida deixo uma escolha de citações e pinturas do meu agrado:
The imagination is not a State: it is the Human existence itself.
Prisons are built with stones of Law, Brothels with bricks of Religion and As the caterpillar chooses the fairest leaves to lay her eggs on, so the priest lays his curse on the fairest joys.
The Treasures of Heaven are not Negations of Passion, but Realities of Intellect, from which all the Passions Emanate Uncurbed in their Eternal Glory.

The Ancient of Days
Nota: Ancient of Days é um nome para Deus em Aramaico (Atik Yomin) e em Grego (Palaios Hemeron)
De seguida deixo uma escolha de citações e pinturas do meu agrado:
The imagination is not a State: it is the Human existence itself.
Prisons are built with stones of Law, Brothels with bricks of Religion and As the caterpillar chooses the fairest leaves to lay her eggs on, so the priest lays his curse on the fairest joys.
The Treasures of Heaven are not Negations of Passion, but Realities of Intellect, from which all the Passions Emanate Uncurbed in their Eternal Glory.

The Ancient of Days
Nota: Ancient of Days é um nome para Deus em Aramaico (Atik Yomin) e em Grego (Palaios Hemeron)
The Lovers' Whirlwind, Francesca da Rimini and Paolo Malatesta
Nota: Esta pintura retrata uma cena da Divina Comédia de Dante: Inferno - Canto V, 37-138
Nota: Esta pintura retrata uma cena da Divina Comédia de Dante: Inferno - Canto V, 37-138
sábado, 10 de novembro de 2007
666
Um número que deixa muitas pobres almas aterrorizadas e que de há uns anos para cá passou para o conhecimento geral do público como sendo o Número da Besta. Este conhecimento mainstream deve-se, suponho, principalmente às bandas de rock e heavy metal que nos anos 70 e 80 ousaram focar temáticas mais misteriosas e , graças ao fascínio do Homem por tudo quanto não conhece, o público sugou a parte superficial do mito como quem bebe um sumo de laranja gerando assim um conhecimento generalizado (mas muito incompleto, como seria de esperar).
Do fenómeno musical que referi anteriormente, um dos grandes impulsionadores do 666 é o álbum "The Number of the Beast " lançado em 1981 pelos ingleses Iron Maiden. Há disponíveis no youtube vários vídeos da faixa título deste álbum, mas aqui está uma gravação ao vivo muito interessante.
Depois desta pequena introdução, e como o propósito deste post é lançar algumas luzes sobre este número misterioso, é melhor começar por focar o início da história:
A primeira referência a este número pode ser encontrada na parte do Apocalypse (esta é uma palavra grega que significa revelação) da Bíblia, onde vem a seguinte frase:
Here is wisdom. Let him that hath understanding count the number of the Beast: for it is the number of a man; and his number is Six hundred and sixty six.
Ou em português:
É aqui que é necessário sabedoria. Aquele que for dotado de inteligência que calcule o número da Besta, pois este é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.
Para avançar agora precisamos de estudar o número ao pormenor, e para tal precisamos de usar a Numerologia, que quando aplicada ao Hebraico se denomina Guematria. Esta disciplina pertencente à Cabala tenta desvendar significados ocultos nas palavras, associando a cada letra um número, nomeadamente ás nove primeiras letras correspondem as nove unidades, ás nove seguintes as dezenas e ás restantes as centenas.
Para concretizar a ideia anterior, mostra-se o exemplo da palavra Pai, que em hebreu se escreve:אב uma palavra constituída pelas duas primeiras letras do alfabeto hebráico: Aleph e Beth.
Como referi em cima, utilizando a guematria, as duas primeiras letras têm por valores 1 e 2, logo o valor total desta palavra é 3.
Existem outras palavras que podemos relacionar entre si através deste método, por exemplo:
->Luz: אור
->Mistério: רז
Ambas com valor numérico 207. Ou seja ambas têm uma origem comum, a luz remete para o mistério.
Existem outras curiosidades, como a palavra Shanah que significa ano, ter por valor numérico 355 (o número de dias do calendário lunar usado pelos hebráicos), ou mesmo as palavras Deus (Elohim) e Natureza (Hateva), terem o mesmo valor numérico, 86...
Voltando agora ao 666, existem várias palavras que têm este número por valor numérico, como por exemplo Maomé, ou até mesmo (utilizando a forma da Guematria no Latim) VICARIUS FILLIS DEI, que é o título que o papa ostenta e, se generalizarmos a Guematria para o alfabeto ocidental, até o próprio nome Hitler tem por valor numérico 666...
No entanto, o raciocínio seguinte parece-me ser o mais plausível para explicar o verdadeiro significado que o autor queria dar quando escreveu o evangelho.
Na altura em que o Apocalypse foi escrito, os cristão e os judeus eram ambos perseguidos pelos romanos, cujo imperador se chamava"Nero Caesar", que em hebreu escreve-se:
רסקנ ורנ
A tabela seguinte mostra o nome das letras que constituem a palavra e os seus valores numéricos.
Se somarmos, obtemos de novo o valor 666!
Voltando ao grego, podemos observar que as palavras Lateinos (romano), Teitan (Sol) e To Mega Therion (A Grande Besta) todas somam o valor 666.
Uma vez que Nero era romano, e que se dizia que "a graça dos imperadores romanos brilhava tanto como o Sol", a meu ver, todos os indícios apontam para que a grande besta referida no Apocalypse e associada ao número 666 seja o imperador romano Nero Caeasar.
Do fenómeno musical que referi anteriormente, um dos grandes impulsionadores do 666 é o álbum "The Number of the Beast " lançado em 1981 pelos ingleses Iron Maiden. Há disponíveis no youtube vários vídeos da faixa título deste álbum, mas aqui está uma gravação ao vivo muito interessante.
Depois desta pequena introdução, e como o propósito deste post é lançar algumas luzes sobre este número misterioso, é melhor começar por focar o início da história:
A primeira referência a este número pode ser encontrada na parte do Apocalypse (esta é uma palavra grega que significa revelação) da Bíblia, onde vem a seguinte frase:
Here is wisdom. Let him that hath understanding count the number of the Beast: for it is the number of a man; and his number is Six hundred and sixty six.
Ou em português:
É aqui que é necessário sabedoria. Aquele que for dotado de inteligência que calcule o número da Besta, pois este é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.
Para avançar agora precisamos de estudar o número ao pormenor, e para tal precisamos de usar a Numerologia, que quando aplicada ao Hebraico se denomina Guematria. Esta disciplina pertencente à Cabala tenta desvendar significados ocultos nas palavras, associando a cada letra um número, nomeadamente ás nove primeiras letras correspondem as nove unidades, ás nove seguintes as dezenas e ás restantes as centenas.
Para concretizar a ideia anterior, mostra-se o exemplo da palavra Pai, que em hebreu se escreve:אב uma palavra constituída pelas duas primeiras letras do alfabeto hebráico: Aleph e Beth.
Como referi em cima, utilizando a guematria, as duas primeiras letras têm por valores 1 e 2, logo o valor total desta palavra é 3.
Existem outras palavras que podemos relacionar entre si através deste método, por exemplo:
->Luz: אור
->Mistério: רז
Ambas com valor numérico 207. Ou seja ambas têm uma origem comum, a luz remete para o mistério.
Existem outras curiosidades, como a palavra Shanah que significa ano, ter por valor numérico 355 (o número de dias do calendário lunar usado pelos hebráicos), ou mesmo as palavras Deus (Elohim) e Natureza (Hateva), terem o mesmo valor numérico, 86...
Voltando agora ao 666, existem várias palavras que têm este número por valor numérico, como por exemplo Maomé, ou até mesmo (utilizando a forma da Guematria no Latim) VICARIUS FILLIS DEI, que é o título que o papa ostenta e, se generalizarmos a Guematria para o alfabeto ocidental, até o próprio nome Hitler tem por valor numérico 666...
No entanto, o raciocínio seguinte parece-me ser o mais plausível para explicar o verdadeiro significado que o autor queria dar quando escreveu o evangelho.
Na altura em que o Apocalypse foi escrito, os cristão e os judeus eram ambos perseguidos pelos romanos, cujo imperador se chamava"Nero Caesar", que em hebreu escreve-se:
רסקנ ורנ
A tabela seguinte mostra o nome das letras que constituem a palavra e os seus valores numéricos.
Resh | Samekh | Qoph | Nun | Vav | Resh | Nun |
200 | 60 | 100 | 50 | 6 | 200 | 50 |
Voltando ao grego, podemos observar que as palavras Lateinos (romano), Teitan (Sol) e To Mega Therion (A Grande Besta) todas somam o valor 666.
Uma vez que Nero era romano, e que se dizia que "a graça dos imperadores romanos brilhava tanto como o Sol", a meu ver, todos os indícios apontam para que a grande besta referida no Apocalypse e associada ao número 666 seja o imperador romano Nero Caeasar.
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