Conhecendo estas vertentes e tantas outras provenientes de boatos, de mitos urbanos ou de tantas mais fontes, apercebo-me que nenhuma delas me seduz nem responde àquilo que eu anseio saber.
Normalmente todos associam o significado de ser humano a humanismo, apesar de não concordar totalmente com a definição, vou basear o meu próximo raciocínio neste ponto.
Existe um significado que, de tanto ser falado, se tornou quase inato de humanismo: amor pelo próximo conjugado pelo gosto de ver a sociedade organizada segundo este princípio. Pelo contrário, e por muito confuso que isto pareça a mim mesmo, por vezes sinto gozo em ver uma sociedade cruel e conflituosa. Chego até ao ponto de sentir necessidade de contribuir para essa desorganização, sinto vontade de plantar a semente (ou de induzir) o caos e de o ver tomar o seu curso natural (A minha glória é essa, criar desumanidade, in Cântico Negro de José Régio). Isto talvez se deva (tenho de perder o vício de tentar encontrar explicação para tudo) a eu sempre ter vivido de forma alheia à organização social dos seres humanos e de presenciar os factos como um narrador que apenas relata a história e não participa nela.
Ao contrário da falta de viver sentida pelo mesmo José Régio: “Que eu vivo com o mesmo sem-vontade com que rasguei o ventre a minha mãe”, eu nem sinto que vivo, mas sim que presencio sem viver, daí por vezes me considerar desumano (apesar da incongruência de me auto-catalogar com atributos humanos).
Vivo no caos provocado por mim, dele me alimento e vejo a vida lá fora a passar como um filme antigo projectado a preto e branco (sendo que eu tenho uma tesoura para golpear estrategicamente a fita)...

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