sábado, 26 de junho de 2010

O Baile

Aquele que tudo seca e aquela que sempre vem formam um par inesperado neste baile cósmico-existencialista onde os convites são infinitos e a presença obrigatória.
Eu observo, vagueando com os olhos para combater o tédio, ansiando a minha vez.

Os acordes dodecafónicos ecoam nas paredes vazias que envolvem esta sala criando uma sensação de omnipresença sonora. Pelo contrário, a cor não é constante, tem mudanças suaves e periódicas.

Estarei a dançar? Sim! Estamos todos a dançar em movimentos predominantemente compassados, mas por vezes bruscos e aleatórios.

Eu não sei, nem se quer consigo imaginar, se há alguma forma “correcta” de dançar esta sequência de sons, limito-me a seguir de forma quase passiva e robótica o movimento dos reis.

O casamento dá-se assim aos olhos de todos: à medida que a música se desenvolve num crescendo final, ela evolve-o com os seus mantos negros, provocando uma quebra brusca e definitiva no eco sonoro e, consequentemente, no compassado movimento da multidão.