segunda-feira, 15 de março de 2010

Rochas e vento

Contemplando o infinito e escutando o submundo, assim existo eu. Tudo o que sei inspiro neste vento gélido que ecoa nas árvores profundamente enraizadas nas rochas milenares.
Contemplação e inspiração, duas acções aparentemente distintas, contudo complementares e de suma importância nesta colina.
Nem mesmo aqui, onde o vento sopra incessantemente, as dúvidas se esbatem. Eu atraio-as, tal como as oposições, não sendo capaz de me satisfazer com a ordem nem com as certezas. O caos é o alimento desta mente vagueante e incerta que perscruta as saliências da superfície da realidade.

E a casa? Aqui está ela, como que por magia abandonada no meio das árvores e das rochas. Reconstruindo os seus laços com a Natureza, afasta-se de mim. O que me resta? O sol? Não... Esse esconde-se, primeiro aproveitando as nuvens passageiras e depois o horizonte permanente.
Fico só, muito só. Apenas as contradições, só a elas pertenço e me entrego. Até o vento me levar...

1 comentário:

Ruben Vicente disse...

Gostei de ler isto. Tráz-me boas memórias e alguma identificação com o texto. Good =)